Importância da Inclusão Em Espaços de Fé
Você exerce seu direito de ter fé? Você crê em alguém ou em algo? Faz bem a nós ter crença, não é? Ajuda, de alguma forma.
Entretanto, esse direito é negado a muitas pessoas que não seguem um padrão criado, especialmente em alguns espaços de fé que deveriam abraçar seus fiéis, seja qual for a religião. É muito importante que todas as pessoas possam exercer sua fé de forma digna.
Permita-me falar de um recorte ao qual eu também faço parte.
Não é novidade que pessoas LGBTQIAPN+ não sejam bem vistas e bem-vindas em espaços da religião evangélica, por exemplo, porque, segundo a visão de boa parte das pessoas nessa religião, não temos o direito de cultuar a Deus sendo quem somos (ainda que Deus diga que nos aceita como somos e nos chama como estamos) – eu não vou, nesse texto, questionar essa visão, porque, para mim, é claro que Deus ama todas as pessoas. Eu só vou falar da importância de não tirar o direito de fé de uma pessoa.
Todo mundo pode acreditar no que quiser, mas ninguém tem o direito de dizer se minha fé é válida ou inválida, porque fé é uma coisa pessoal, íntima, profunda. Não se pode negar a ninguém o direito de ter esperança em alguma coisa, especialmente quando esses indivíduos fazem parte de uma porcentagem vulnerável da sociedade. A fé também ajuda o indivíduo a criar ou manter alguma esperança, e se ele está inserido num contexto que pode o levar ao suicídio ou a morte que é causada todos os dias pelo preconceito, a fé pode ser o caminho que ainda o mantém vivo.
Eu sou bissexual, como ao menos a maioria dos meus leitores sabem. Já passei por fases horríveis em instituições e quase morri. Felizmente, antes que isso acontecesse e eu me tornasse apenas mais uma nas estatísticas que afundam os meus todos os dias, eu encontrei um espaço seguro de fé para exercer tudo aquilo que eu acredito, sem ser julgada, apenas fui acolhida e desimpedida de vivenciar as experiências que minha fé – um tanto ecumênica– reservava para mim.
A Igreja da Comunidade Metropolitana de Salvador foi e segue sendo um abrigo espiritual para todas as pessoas, especialmente as LGBTQIAPN+ da Bahia.
Isso não é uma afronta a nenhuma religião, isso é dar de volta às pessoas o direito de serem quem são sem abrir mão da espiritualidade, como é proposto em vários ambientes que deveriam ser seguros e acolhedores.
Nos últimos anos, estão surgindo algumas instituições que estão compreendo melhor essa questão.
Melhor que isso é saber que existem outras diversas Igrejas da Comunidade Metropolitana no Brasil: ICM Fortaleza, ICM Rio, ICM Amazônia, ICM Vitória, ICM São Paulo, ICM Sol da Justiça, ICM Teresina, ICM Séforas (igreja trans), ICM Cabedelo, ICM Ruah… No Brasil e no mundo (como MCC- Metropolitan Comunity Church), haverá uma ICM para abraçar você, sendo hétero ou LGBTQIAPN+, sendo cristão ou tendo qualquer crença (ou crenças) que você quiser! Não abra mão do seu direito à fé!
Quando um espaço de fé acolhe todas as pessoas que o procuram – sem inventar motivos para negar afago e cura–, sem ser rasos para ver apenas a orientação sexual de uma pessoa, a cor de uma pessoa, a altura de uma pessoa; indo ao profundo: vendo um ser humano que precisa apenas de um abraço, de uma prece, de um espaço que não o tira o direito à espiritualidade, esse espaço mostra que há, de fato, algo divino ali. Porque o Divino ampara, não oprime.
A importância da inclusão nos espaços de fé é extrema.
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